domingo, 2 de maio de 2010

Os Barcos


Ancorado no cais da saudade,
meu coração tem vista pro mar...
Sou feito vento aninhado na vela dos barcos
a espera de uma mudança repentina das rotas...
Queria ser leme nessa tarde que cai,
por – o – sol na janela
e ir ao encontro de um amor dourado.

domingo, 4 de abril de 2010

A sete chaves

Segredos,
são apenas
palavras que se
acovardam
diante
dos fatos.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Ao Deus dará

Ao Deus dos homens
e das estrelas.
Ao Deus que há em mim
e em ti.
Ao Deus dos céus
e da terra.
Ao Deus com d maiúsculo
dos papas e sacerdotes.
Ao Deus com cara de elefante.
Ao Deus barbudo lançando raios.
Ao Deus que se zanga.
Ao Deus que acalanta a alma.
Ao Deus que dança, chora e sorri...
Ao Deus que deu,
Ao Deus que dará,
meu muito obrigada.

terça-feira, 30 de março de 2010

Aquarela


Deito a cabeça
em meu travesseiro de nuvens...
E me coloco a sonhar
todas as cores
de que somos feitos.

Ensaio sobre a Cegueira


E a saudade
feita em papel reciclado
não dói menos do que minhas
metamorfrases ambulantes.
Estou no olho de um furacão
coexistindo em toda a sua fúria cega...
Divagar...e sempre.

terça-feira, 23 de março de 2010

Navegar é preciso


Se somos assim
tão frágeis e pequenos...
Se somos assim
tão grãos.
É porque ainda
não descobrimos
o mar que nos navega,
o tempo todo.
Silenciondamente.

sábado, 20 de março de 2010

Down em mim


Saltei por engano na estação passada... O lampejo frio dos trilhos indiferentes... A força que esses lampejos ainda contêm em suas rotas arteriais... Essa força que não tem nome e parte não se sabe de onde nem por que. Força erva-daninha que dá vontade de arrancar do peito com raiz e tudo, colocá-la ao sol para que perca sua vitalidade, seque e morra de uma morte dourada... Down em mim. Meu coração chove água com sal. Choro meus fantasmas numa tentativa fugaz de exorcizá-los. Nuvens de mágoas assolam meu peito como assombrações e se perdem no porão da minha alma... Por Deus como eu queria que essas nuvens esturricassem ao sol, voltassem ao pó e não me perturbassem mais com suas aparições.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Todos os sonhos do mundo


Hoje o dia amanheceu contendo em si todos os sonhos do mundo. O sol veio na pontinha dos pés despetalar uma manhã tão doce e silenciosa... Uma manhã tão cheia de flores recém – tocadas que nem cabia em si, tamanha manhã que floresceu aqui! Hoje acordei sentindo em mim todos os sonhos do mundo. O horizonte despertando do sono espreguiçou as mais suaves canções em meu coração. Tenho em meu peito uma manhã que só as primaveras contêm. Uma manhã açucena. Uma manhã margarida. Uma manhã jasmim. Acordei sentindo em mim todas as flores do mundo! E perdida entre pétalas de orvalho e brisas perfumadas, o vento me trouxe lembranças do mar. Um coração habitado de saudade. Infinito que é o mar, infinito que é o sentimento que me povoa... Saudades imensas de pousar todos os sonhos no coração do mar.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Irradiar



Estou diante de um cenário aquático dourado... Os raios solares tocam as águas como se estivessem a acariciá-las. E a correnteza de luz flui em seus reflexos e ondulações, suaves canções... O riso dourado vai tomando conta de tudo... Como uma borboleta pousada nas mãos do mundo, sinto a energia luminosa vinda dos céus... Irradiar! O Sol tem esse poder de tornar luz tudo aquilo que toca. Ser uma gota dourada a transitar entre mundos seu bailado em círculos mágicos. Ser um pingo de luz reluzente na imensidão de sombras que por oras nos habitam. Fechar os olhos e deixar a Luz acender toda nossa escuridão.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Os Profetas e suas Profecias


E qual é a graça de já saber o fim da estrada quando partimos sem um rumo definido? Sem rota traçada, sem rótulos, sem eixo de rotação?
E qual é a graça de mergulhar em profecias e viver um dia fora do tempo?
Quem são os profetas e quais são suas profecias já nem sabemos mais, o barulho que eles fazem foi sucumbido pelo barulho de corações batendo tumultuados cheios de quinquilharias. E por conta disso, já não escutamos também o barulho das flores desabrochando suas poesias no jardim e nem o grito mudo daqueles que choram sem saber.
Enquanto alguns penduram no pescoço suas placas alertando de que o “fim está próximo”, outros se viram pro lado e dormem o sono tranqüilo dos justos.
Não há profetas, nem profecias.
Só o que há são os desejos.
Todo mundo no fundo deseja um dia inusitado e exótico em seus calendários. Todo ser humano possui em seu íntimo uma vontadezinha de ver o chão se abrindo, a estátua da liberdade caindo e o circo pegando fogo.
Uma vontade grande de viver um dia que possa entrar pra história e ser lembrado de tempos em tempos por todos aqueles que sobreviverem ao Apocalipse!

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Completamente Blue


Num piscar de olhos crio asas azuis e saio voando por aí... Quero voar até me perder no azul do céu e cair dentro do livro de mitologia grega... Mudar a estória do “toque de Midas” por ser cruel demais... Inaugurar o “toque do Azul”. O dom do azul infinito. E assim ter todo o azul do mundo. Já pensou se tudo que sairmos tocando por aí se tornar azul?... Azul que tranqüiliza as mentes cansadas, azul que traz paz aos corações-cadentes, azul que preenche o Universo inteiro de harmonia?! O Universo inteiro azul! Tocar as nuvens, tocar o vento e tocar o sol. E com tinta azul sair azulando tudo... Pincelando o mundo! Um sol azulzinho, nascendo no horizonte azul dos teus cabelos. Seguir voando pela manhã azulada... Tocar as flores, os colibris e as borboletas. Pétalas azulzinhas se esparramando no lótus derramados sobre os teus pés... Um caminho aéreo, etéreo em rastros simplesmente azuis como as borboletas azuis que encontramos bebericando pólen de cachoeira. Transmutar a energia da vida para viver uma vida azul e adormecer junto às estrelas um sono azulado... Tudo. Tudo azul! Até a melodia de tuas canções saindo azul de tua flauta... Sermos guiados tão somente por notas musicais azuis, olhar pro manto azul da noite e nos deparar com uma Lua Ressonante Azul. Só porque gostamos mais de azul do que de vermelho. Vermelho cansa a vista... Cansa o coração... Até o sangue se cansa de correr em vermelho...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Noite Mágica



Há a chama de uma fogueira crepitando faíscas dançarinas ao mar...
E há as estrelas que caem do céu e se apagam uma a uma a espera do sol.
...Afinal quanta poesia cabe dentro de uma noite?

O Dom Supremo



"Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé; a ponto de transportar montes, se não tiver amor nada serei.
E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará.
O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se recente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque, em parte, conhecemos e em parte, profetizamos.
Quando, porém, vier o que é perfeito, então o que é parte será aniquilado.
Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das coisas próprias de menino.
Porque, agora, vemos como em espelho, obscuramente, então, veremos face a face. Agora, conheço em parte; então, conhecerei como também sou conhecido.
Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor. "

(Paulo de Tarso)



Quando o coração fala ao coração, não há mais nada a dizer... Que todos os seres, de todos os mundos sejam felizes e bem aventurados.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

A Dança Mágica do Existir


A dança me purifica...
O batuque do som é como o batuque do meu coração... A melodia sinuosa de um flauta me faz mergulhar no que há de mais profundo em mim que eu já nem me alcanço mais...
Contemplo ao me redor e tudo está dançando comigo...
As borboletas borboleteiam sua graciosa dança espiral. As flores dançam suas pétalas e exalam seus perfumes dançantes pelos quatro ventos. As folhas, as trepadeiras, as fadas todas dançam no meu jardim de sonhos. Os anjos tocam seus clarinetes e dançam suas asas de plumas brancas, espuma e algodão. Dançam nuvens, dançam estrelas, dança também o céu uma dança completamente azul. As árvores dançam silenciosamente à sombra de suas copas. As montanhas com seu ar de seriedade também dançam em seu íntimo. O fogo crepita a dança sagrada das chamas. As águas dançam seu eterno fluir e ensinam as pedras, professoras que são, a se moldarem ao ritmo da dança. As cachoeiras dançam e cantam os lírios e pássaros. Dançam os peixes, as tartarugas e os cavalos-marinhos. O mar está alegre com suas ondas a dançar uma atrás da outra. Dança o sangue, a seiva, a lágrima. A lua cheia dança tímida seu brilho misterioso. O sol dança seus raios colorindo as manhãs de dourado. A chuva dança suas gotas sobre as sementes que dançam nas profundezas escuras da terra aguardando ansiosas seu despertar. Dançam as cores amarelas e vermelhas. Violetas, rosas, azaléias todas dançam em meu canteiro de poesias. Os beija-flores dançam seus beijos nos jasmins e o arco-íris se põe a dançar traçando a rota invisível dos potes de ouro. Os cristais dançam lapidando sua natureza transparente. A noite dança sua poeira cósmica estelar sobre seu manto negro e as areias dançam seus grãos pelos ventos no deserto. Dançam as manhãs, as maçãs e as margaridas... Dança também meu coração bem na palma da sua mão!
O Universo inteiro está dançando agora enquanto danço meus versos pelos ares. O Universo inteiro é essa dança eterna de Deus. Deus é o maior dos dançarinos e nos concede uma dança a cada dia que nasce... posso senti-Lo dançar seus passos suaves em minhas orações.
Tudo dança. Danço, logo existo!

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Eternamente Cazuza...




O sabor da fruta mordida anuncia a sorte de um amor tranqüilo...

Tudo azul, vou sorrindo completamente blue.
Escutando o galo cantar e vendo meu pensamento amanhecer em ti.
Mentiras sinceras que já não me interessam mais... e eu ...
Preciso dizer que te amo porque faz parte do meu show.
O nosso amor a gente segue inventando pelas curvas da estrada...

Não há tempo que não pára quando estou ao lado teu...
Ah vida! Louca vida! Vida louca e breve!
O que eu mais queria agora era mais uma dose do teu olhar...

Pro dia nascer feliz mais uma vez...
Assistir a lua deserta nas pedras do Arpoador...
Roubar mil rosas, me jogar a teus pés exagerada que sou e sentir...
Amar de verdade só se for a dois!


Uma homenagem ao grande poeta Cazuza, uma homenagem ao poeta que vive no coração de cada um de nós, uma homenagem aos poetas que encontro no caminho e seguem colorindo o meu viver... Uma homenagem ao sol, à lua e as estrelas que nos iluminam com seus raios cintilantes dourados a nos lembrar sempre que a poesia prevalece!!!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sobre montanhas e fotografias.


Remando por um lago calmo e turvo contrastado por névoas brancas que insistem em flutuar de uma forma mística sobre as águas, indissociáveis brumas brancas, inimagináveis brumas de algodão... Remando até sentir o casco da canoa bater em uma rocha que está a me esperar, está a me gritar sua firmeza edificada no tempo, está a me ancorar em sua solidez... Desço pela costa litorânea, sinto o frescor dos ares marinhos, maresia a me tocar o rosto e acarinhar os cabelos... Há um longo caminho pela frente, sigo adiante entre rochas, areia e vegetação... Subindo pelas encostas da montanha, subindo pelas espirais de pedra, espirais de meu coração, respiro as flores e a liberdade que elas contém... Não anseio pela chegada, o caminho se faz ao caminhar, então caminho apenas, caminho como quem não deseja chegar, vou escrevendo meus passos na medida em que vou subindo, vou construindo meu ser na medida em que persisto... Aprendi que, se aspiras há algo grandioso, há que ter persistência, há que caminhar com passos pequenos, serenos, sem olhar à frente, sem pensar em quanto falta para a hora da chegada...Há que seguir o ritmo da canção, que os ventos tocam, em passos suaves de dança, sem pensar... Não há que existir fronteira entre o pensar e o sentir, então apenas sinto meus pés se moverem em direção ao céu e já que não tenho asas, vôo nas asas da imaginação, nas asas de meus pés bailarinos.
O caminho é árduo como a vida, mas não basta caminhar, é preciso também contemplar a paisagem, contemplar o vale pequenino lá embaixo... Tudo é tão pequenino quando visto do alto, nossas preocupações tão minúsculas... Mas só do alto da montanha enxergamos sua pequenez! Olho para o vale lá embaixo, um imenso tapete verde que enche minha alma de esperança... Olho para as águas turvas, que nem parecem tão turvas assim...
O ar começa a faltar, o cansaço vai abatendo o corpo pelo caminho... Já não sei se devo seguir em frente, ou voltar para o lugar de onde vim... Nossa natureza humana é tão frágil que às vezes deixa-se dominar pelos autocondicionamentos da mente... Nos sentimos cansados quando no fundo sabemos que ainda podemos mais... Sigo suavemente, sigo com a mente suave, o topo me espera, o topo também espera por ti. E quando por fim, chegamos à conclusão de que não viemos até aqui pra desistir e coexistir apenas, a vegetação da montanha vai tomando sua forma e sua magnitude vai se revelando. Um vento frio começa a soprar, a tocar em sua flauta do tempo canções que só podem ser ouvidas em grandes altitudes...
A cadeia montanhosa se estende diante de nossos olhos, se apresentam picos, rochas, e, um pássaro negro vem também se apresentar e nos coroar com os louros da chegada, com os louros por nos mantermos persistentes em nossa rota tortuosa, em nossas pedras no caminho... A montanha está feliz! Está feliz porque chegamos onde deveríamos chegar, em seu ponto máximo, seu cume, ela quer nos mostrar tudo o que ela vê, ela quer nos mostrar toda a grandiosidade do mundo que carrega em si, toda a grandiosidade do mundo que carregamos em nós... O vento sopra sua canção, as pedras rolam suas canções, os cactos espinham sua canção... Pare e escute qual é a sua canção?
Sentada a beira do abismo, um fascínio louco pelas alturas, tenho os pés a balançar no nada, tenho os pés acenando para o sopro vital contido nos ares... Um cenário surreal... Uma fotografia indescritível, mas onde focar minha lente se são tantas as belezas no topo de uma montanha? Há que ter um foco. Há que ter um foco na vida! Para fotografar, é preciso focalizar primeiro a beleza que queremos tornar eterna.
Assim é a vida! Há os percalços do caminho, há a persistência e há a hora da chegada. Há também a hora da canção e a hora de focalizar... Descubra qual é a sua canção, torne-a seu centro, e então pare a beleza das coisas como grande fotógrafo que és...
E era isso que a montanha queria me contar!

sábado, 16 de janeiro de 2010


/Despertar/
Como pétala de flor a vagar pela superfície das águas ... A impermanência das coisas nunca nos diz onde devemos pousar... Se a canção que nos aguarda é sonora como um trovão ou silenciosa como uma garoa fina, tristinha... O segredo de não sabermos o que está por vir... Se o mergulho é profundo na imensidão azul, se o mergulho é tão somente na imensidão que há em nós... E o que iremos encontrar? Brisa leve ou ventania? A espera que não cessa... Novas sementes em germinação... Temer a terra escura? Temer o que nos protege? ... Há que ter força e coragem para romper o barro e do barro ver um novo tempo sendo inaugurado em nossos corações... Um tempo recanto de paz em que os pés estão cobertos por lótus e as mãos enfeitadas de rosas... Despertar!


Que Krishna e Iemanjá nos toquem com seu incondicional amor por que a vida só existe quando o amor a navega... Que o amor seja então a nossa canção!


A nós, todos os sonhos do mundo!


Feliz 2010!